Eu sempre quis fazer uma missão além-fronteiras. Acho que, assim como muitas pessoas, sempre fico tocada com a situação da pobreza na África. Aquelas crianças desnutridas.. Situações que todos já viram. Isso parte meu coração de uma forma inexplicável.
Eu sempre quis ajudar. Mas não sabia como. Eu sempre admirei quem doa sua vida pelos irmãos. Aqui no Morro Doce as Irmãs Xaverianas sempre nos ajudam nas pastorais das Comunidades. Elas vêm de outros lugares, cidades, países, para se doar. Que coisa bonita! Eu queria ajudar as pessoas, assim como elas. Mas não queria ser irmã.
Um dia comentei com irmã Beth sobre esse meu desejo missionário e ela guardou em seu coração. Quando soube do Jump, me contou logo e eu vi a oportunidade de realizar esse desejo.
Foi aí que tudo começou! Paula e eu nos preparamos por um ano e meio e, quando recebemos a destinação, eu não tive palavras para agradecer a Deus. Não foi África, mas neste momento, depois de toda preparação, eu tinha consciência de que, em qualquer lugar do mundo, há pessoas que precisam de ajuda. Os preparativos começaram, e veio a ansiedade, o medo. A Nossa missão é na Tailândia.
O que será que iríamos encontrar? Como seria viver essa experiência?
No JUMP, com a irmã Catarina, já havíamos ouvido bastante sobre este país e sabíamos que era um país completamente diferente do nosso: sua cultura, seus costumes e maneiras, etc. Mas sentíamos que essa missão era da vontade de Deus.
Passamos por muitas provações, tivemos problemas. Quase desistimos. Mas Deus estava à frente!
Embarcamos e no dia 02/01/2018 chegamos, fomos rumo ao desconhecido, com muita esperança, e medo ao mesmo tempo.
Desembarcamos para viver a maior experiência de nossas vidas. Foi um aprendizado inexplicável. Foi incrível conhecer outra cultura, outras religiões, costumes, outra língua, outros povos.
Algumas coisas foram chocantes, outras maravilhosas. Foi intenso cada momento vivido. E ver aquelas irmãs e padres se doando. Ver que deixaram seus países, suas famílias, tudo, para se doar para outros irmãos, do outro lado do mundo.
Esse testemunho de vida foi muito forte. Jamais esquecerei de tudo que vi e vivi ali.
Sobre as minhas expectativas, foram todas superadas. Deus é que cuidou de tudo e cuidou porque entregamos tudo nas mãos dEle. E deixamos Ele nos guiar.
Foi assim, com essa total entrega, que passamos um pouco mais de um mês neste lugar tão maravilhoso. Dia 03/02, hora de partir. O sentimento de vazio era grande. Não queríamos voltar. Mas precisávamos! A volta foi difícil. Com gosto de saudade. Cada história de vida que conhecemos. Cada pessoas que gostaríamos de ajudar. As fotos e as lembranças inundavam a cabeça. O que seria dali pra frente?
Chegar em casa foi um desafio, se reencontrar no nosso velho mundo foi complicado. Não parecia meu lugar.
Meu lugar tinha ficado lá do outro lado do mundo. Com aquele povo encantador. Ah, quanta saudade! Agora resta o anúncio do que vivemos. A partilha da experiência, e mais ainda, a partilha do amor de Deus que cresceu em nós.
Desde pequena, quando pensava nas crianças da África, eu achava que poderia ajudar de uma forma muito concreta. Levando alimentos, roupas, mantimentos, etc.
Mas, na verdade, descobri que só a nossa presença ali já representava esperança!
Deus estava conosco e de alguma forma eles sentiam isso. Vi muitas pessoas incomodadas. Perguntando o porquê de nós termos saído lá do outro lado do mundo para ir até elas.
Nossa resposta era simples, mas a mais significativa possível! Por causa do Amor! Por causa do amor de Deus. Porque eles são nossos irmãos!
Eu descobri que podemos fazer muito, mesmo parecendo que não fizemos nada concreto.
Nós não levamos alimentos, nós não levamos roupas, nem mantimentos. Nós levamos nós! Nós nos entregamos pelo amor àqueles irmãos desconhecidos. Sem ao menos falar a mesma língua, sem ao menos nos comunicar por palavras. Nossa comunicação era literalmente o Amor! E essa foi minha maior lição dessa missão. Eu aprendi a amar e me entregar nas mãos de Deus como nunca antes! E eu me senti amparada também como nunca antes! Foi a minha maior experiência de Deus!
