Precisamos voltar frequentemente à figura dos nossos fundadores. Devido à natureza exemplar do seguimento de Jesus, a vida deles é como uma leitura viva das Escrituras.
Padre Giacomo Spagnolo foi uma testemunha luminosa do Evangelho de Jesus, que se tornou a paixão dominante da sua vida. Ao deixar o caminho livre para a ação do Espírito, tornou-se capaz de viver a medida elevada da vida cristã na rotina da sua vida de sacerdote missionário, pai e fundador das Missionários de Maria. Com os olhos fixos em Jesus, ela viveu e propôs com alegria e convicção a nós suas filhas, os valores que não devemos perder na evolução dos tempos e das situações. Como todas as criaturas humanas, Padre Giacomo viveu a luta diária da vida, com as suas alegrias e tristezas, limites e imperfeições.
Podemos compreender, como chave de leitura história humana e espiritual do Padre Giacomo uma convicção sentida desde a sua juventude. No dia 9 de janeiro de 1934, pouco antes de completar 22 anos, quando se preparava para fazer a profissão perpétua e ser ordenado sacerdote, escreveu ao superior geral, Pe. Amatore Dagnino:
O que sempre me esforço para fazer é fortalecer a minha vontade no serviço de Deus e abandonar o meu nada nas suas mãos para que Ele o faça... Estes são os princípios teóricos que quero informar a minha vida ativa como Sacerdote e Missionário e que eu gostaria que eles se tornassem meu sangue e minha vida...
A palavra Tudo, escrita atrás de um postal que representa Jesus crucificado, é a centelha que dá vida à nossa família missionária. O Crucifixo, o Tudo de Deus para nós, é a referência central para as Missionárias de Maria, filhas de um pensamento de totalidade. Na nossa vida, Cristo é o centro, explícito e plenamente procurado, amado e muito estimado. Maria é para nós a orientação e o meio mais direto e fácil de nos manter em contato constante com Ele.
A vocação missionária é entendida como ser a disponibilidade plena, com Cristo, à ação da Onipotência Misericordiosa de Deus para a geração dos filhos de Deus. Contemplar a Misericórdia todo-poderosa de Deus, participando do mistério pascal de Cristo, na escola de Maria, tornou-se para o Padre Giacomo fonte de uma humanidade profunda e utêntica.
O caminho que seguiu e propôs com profunda convicção às suas filhas. Um traço típico dela é a prática da misericórdia, a ternura materna de Deus escreveu, será também a nossa vida .
As qualidades proeminentes da personalidade do P. Giacomo são a inteligência aguda, a mente aberta e o coração generoso.
A espiritualidade sólida constitui a base de uma abordagem educativa ampla. O Padre preocupou-se para que as missionárias crescessem na maturidade humana e se formassem numa espiritualidade robusta, no clima de liberdade como filhas de Deus. Desde o início indicou a necessidade de fazer tudo com espírito apostólico e de ter grandes ideias, abandonando a estreiteza de certos detalhismos de interesse próprio. O Padre foi contra a meticulosidade e a mesquinhez, seu desejo era que os conceitos fundamentais da vida religiosa permanecessem claros e sólidos em nós, para percorrermos o caminho da santidade com facilidade e alegria.
O Salmo 130 era particularmente caro ao Padre Giacomo, que ele definiu como o salmo da normalidade e da moderação e que ao mesmo tempo exprime a serenidade e a tranquilidade de quem confia e espera únicamente e constantemente no Senhor. A plena confiança no Senhor permitiu-lhe preservar e irradiar serenidade no meio de incompreensões e tribulações que não lhe faltaram. O Padre recorda-nos que a perfeição não se exprime tanto em coisas excepcionais, que suscitam admiração, mas em coisas pequenas, vividas com constância e com grande amor. É a entrega preciosa que queremos acolher com gratidão e viver.
Padre Giacomo, junto com nossa Madre Celestina, é uma daquelas estrelas que iluminam e guiam o nosso caminho. Jesus é a luz, o sol. Mas para alcançá-lo precisamos também de testemunhas que, irradiando a sua luz, nos encorajem a viver fielmente o nosso chamado nos dias atuais da missão.
